Sérgio Paulinhopedala na equipa Efapel pelo quarto ano consecutivo. Aos 40 anos de idade, cumpridos a 26 de Março, é o corredor mais experiente e galardoado do pelotão nacional, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, vencedor de etapas no Tour de France e na Vuelta a España, Campeão Nacional e vencedor de etapas na Volta a Portugal, dos melhores gregários que o pelotão internacional já teve. Quisemos saber a sua opinião sobre o actual estado de paragem de competições e o futuro da modalidade.
Como estás a adaptar-te à nova realidade de confinamento, fruto da declaração de estado de emergência?
“Para já, estou adaptar-me bem. Passo a maior parte do tempo em casa com os meus filhos, coisa que durante a época, por vezes, não é possível, por causa dos estágios e das corridas.”
Que mudanças efectuaste nas rotinas diárias e de treino?
“As mudanças foram essencialmente o treino passar a ser em casa, nos rolos. Tento fazer mais ou menos 1h30 de rolos todos os dias.”
Tens crianças pequenas, como explicar e lidar com a pandemia COVID-19?
“Como estamos sempre em casa, dissemos-lhes para lavarem várias vezes as mãos. Quando vamos às compras tentamos sempre explicar que não podem mexer nos alimentos que podem estar fora do frigorífico, durante mais ou menos cinco dias. Por norma, deixamos as compras na garagem e tentamos que eles não vão tantas vezes à garagem. Quando vão dizemos para lavarem as mãos.”
Qual o impacto e os efeitos que a paragem de competições pode provocar no ciclismo nacional?
“Tudo vai depender do tempo de paragem. Se em meados de Junho já pudermos voltar à competição, penso que ainda se pode salvar a época. Se se prolongar por mais tempo poderá trazer consequências não só para o ciclismo, mas para todas as modalidades. As modalidades mais ricas irão superar, mas as modalidades mais pobres irão sofrer bastante, como é o caso do ciclismo, onde dependemos muito dos nossos patrocinadores.”
Acreditas que se realizará a Volta a Portugal?
“Acredito que sim. Possivelmente, poderia passar pela mesma situação da Volta a França e ser à porta fechada, sem público. Claro que não é a mesma coisa, mas este é um ano de excepções e, como tal, deviam ser tomadas medidas diferentes para que a modalidade saia o menos possível prejudicada.”
Em consequência desta paragem, o que pode ou deveria mudar futuramente no ciclismo nacional?
“O que se podia tentar mudar era haver mais corridas por etapas depois da Volta a Portugal. Penso que não há muito mais a fazer.”
E no ciclismo internacional?
“Para ser sincero, não há muito que possa mudar. Na altura em que eu estava no estrangeiro, gostava muito da ideia de haver uma classificação para as Clássicas. Esse tipo de iniciativas acaba por dar outra visibilidade à modalidade e dá aos ciclistas a oportunidade de poderem levar uma camisola diferente consoante a classificação.”
Estão a ser tomadas as devidas medidas de protecção social e económica relativas aos corredores?
“Pelo que nos foi informado, estamos a ter as mesmas medidas que o Governo adoptou para qualquer cidadão e, se assim for, penso serem as medidas correctas.”
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