É o som das rodas a deslizar pela madeira, é o bailado das
bicicletas ao longo da pista, é a adrenalina sentida a cada pedalada, é a
simbiose perfeita entre o atleta e a máquina, é a forte ligação entre o ciclista
e o ambiente que o rodeia. Esta é a magia do velódromo… Ou tão-somente a magia
que quem vos escreve sentiu na primeira vez que pisou um velódromo.
Há muito apaixonada pelo ciclismo de pista, este sábado entrei
pela primeira vez num velódromo e foi tudo como imaginava. A atmosfera, a
paixão dos pistards, o barulho
singular das bicicletas. No Velódromo Nacional, em Sangalhos, comprovei que quando
a vertente de pista se entranha na pele de um ciclista, dificilmente
desaparecerá da sua vida.
O maior exemplo que sempre me surge à memória é o de Sir
Bradley Wiggins, que nunca deixou o seu amor pela pista esquecido pelas
competições de estrada. “Wiggo” conquistou a maior prova mundial, o Tour de
France, unindo esse feito às oito medalhas olímpicas, quatro das quais feitas
do reluzente ouro conquistado em pista: duas em perseguição individual e duas
em perseguição por equipas. No seu trajecto em pista, agarrou ainda sete
títulos mundiais e um europeu. Por todo o seu caminho na modalidade, ele foi e
é a minha referência naquilo a que, igual a muitos, chamo de ‘ciclismo
romântico’.
Por cá, Ivo e Rui Oliveira já conquistaram o ouro em
Mundiais e Europeus. Ivo sagrou-se em júnior campeão mundial e europeu em
perseguição individual (2014), enquanto Rui sagrou-se em sub-23 campeão europeu
em eliminação (2017). Além dos gémeos da Hagens Berman Axeon, não podemos
esquecer actuais nomes como o de João Matias (Vito-Feirense-Blackjack), Miguel do
Rego, César Martingil (Liberty Seguros-Carglass) e Maria Martins (Sopela), que com
eles contribuem de sobremaneira para que Portugal seja falado além-fronteiras na
vertente de pista.
A todos eles vi correr no Velódromo Nacional e não sei qual
a imagem mais poderosa: a de os ver em plena competição ou de assistir ao entusiasmo
de João Matias, Ivo e Rui Oliveira a animar ferozmente Maria Martins e Soraia
Silva (Sopela) quando estas conquistavam o 2º e o 3º lugar do pódio na
disciplina olímpica do omnium.
Depois de, no dia anterior, se sagrarem campeões nacionais
em madison, neste sábado os gémeos Oliveira acabaram por suplantar novamente toda
a concorrência na mesma disciplina no Troféu Internacional de Pista – Anadia 2020,
deixando com a prata a dupla australiana Joshua Harrison / James Howard e o
bronze para a dupla holandesa Jan-Willem van Schip / Cees Bol. Em 4º seguiu-se
a outra dupla lusa, João Matias / Miguel do Rego.
Já no omnium foi o holandês Jan-Willem van Schip a
conquistar o ouro, seguido do suíço Alex Vogel e do também holandês Cees Bol. Os
portugueses terminaram em 7º César Martingil, 13º João Santos
(Vito-Feirense-Blackjack), 14º Francisco Moreira (RP-Boavista) e 15º Ricardo
Vale (Vito-Feirense-Blackjack).
Deste dia, várias imagens ficarão para sempre gravadas na
minha memória, destacando-se a escrita dos ciclistas a desenhar com as suas
bicicletas traçados perfeitos em cada lâmina de madeira.
Igualmente poderosa foi a imagem de um ciclista na plateia,
a segurar a vontade de regressar ao palco onde, no ano transacto, conquistou em
júnior o título nacional na disciplina olímpica do omnium. Em cada palavra foi
perceptível a ligação de João Dinis (Liberty Seguros-Carglass) à pista. Com apenas
19 anos, foi igualmente visível o brilho no olhar ao recordar os momentos
vividos naquele mesmo velódromo, que acolheu uma das maiores conquistas da sua
jovem carreira. Ali comprovei uma vez mais que quando a pista se entranha na
pele de um ciclista, jamais desaparece da sua vida.
ÁLBUM COMPLETO AQUI!
ÁLBUM COMPLETO AQUI!
Ricardo Vale, João Santos e Francisco Moreira no omnium. |
João Matias com os gémeos Ivo e Rui Oliveira a puxar pelas lusas Maria Martins e Soraia Silva. |
João Matias em madison. |
Ivo e Rui Oliveira conquistaram o ouro em madison. |
João Matias e Miguel do Rego foram 4ºs em madison. |
Pódio do omnium em elites: 1º Jan-Willem van Schip, 2º Alex Vogel e 3º Cees Bol. |
Pódio do omnium em elites femininas: 1ª Kristina Clonan, 2ª Maria Martins e 3ª Soraia Silva. |
Pódio do scratch em júniores: 1º Aritz Urra, 2º Wilson Esperança e 3º Pedro Silva. |
Pódio em madison elites: 1º Ivo e Rui Oliveira, 2º Joshua Harrison e James Howard e 3º Jan-Willem van Schip e Cees Bol. |
Camisola de campeão do mundo, conquistada por Ivo Oliveira em júnior. |
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