Avançar para o conteúdo principal

Paulo Silva em entrevista: concretizar um sonho ou voltar para onde já foi feliz

Acompanhamos o percurso de Paulo Silva [14/05/1995] há alguns anos, testemunhando o seu crescimento e valorização enquanto ciclista em formação. Nos anos transactos, destacou-se em 2014 no 2º lugar da Taça de Portugal Sub-20, repetindo esse resultado em 2015 na Taça de Sub-23. Em 2016, o jovem corredor estreou-se pela equipa Anicolor e manteve a regularidade que lhe é característica, embora não tenha terminado no pódio da Taça de Sub-23, finalizando em 7º da geral.

Paulo Silva deixou escapar o pódio da Taça do seu escalão, mas destacou-se nas provas realizadas com os profissionais das equipas continentais. No total, somou 6 Top 10 na classificação da juventude, vencendo a mesma na Volta a Albergaria e sendo 4º no Memorial Bruno Neves, 5º no GP do Dão, 5º no GP Mortágua, 7º no Troféu Concelhio de Oliveira de Azeméis e 8º no GP Anicolor. Obteve ainda em Espanha o 9º lugar na geral da competitiva Clásica de Pascua.

Ao Cycling & Thoughts, Paulo Silva fez o balanço da temporada e confirmou a mudança de equipa para 2017.

Paulo Silva à partida para o Circuito da Moita
(foto Helena Dias)

Como correu este ano de estreia na equipa Anicolor?

Foi um ano de muita aprendizagem, mas a nível de resultados não correu como nos anos anteriores. Alcancei uma vitória na Taça de Portugal, mas pretendia muito mais. O ciclismo é mesmo assim, por vezes temos épocas melhores e outras piores.

Este ano não conseguiste atingir o patamar de anos anteriores na Taça de Portugal. Era um objectivo terminar no pódio da Taça?

Não tinha grandes expectativas para essa parte da época, nem as provas se adequavam às minhas características. Também tive alguns problemas a nível muscular, devido a algum treino excessivo, e não posso deixar de agradecer ao meu massagista Ricardo Pereira, da Osteopatia Martins, pelo óptimo trabalho desempenhado comigo.

No decorrer da temporada, fechaste seis competições com os profissionais no Top 10 da juventude, vencendo a camisola branca na Volta a Albergaria. Como viste a tua performance nas provas nacionais?

Depois dos problemas musculares superados, senti-me bem, consegui essa vitória. Na prova seguinte, do Grande Prémio do Dão, também estive na disputa da vitória. Posteriormente no Grande Prémio Jornal de Noticias não me senti bem fisicamente e a motivação foi muito abaixo. Com isso, quando a mente não está bem, as coisas acabam por não correr como desejamos.

Em Espanha terminaste em 9º a Clásica de Pascua, competição que é conhecida pela sua dureza. Como foi essa experiência?

Foi uma prova bastante complicada, devido à chuva e ao frio que se fez sentir. Talvez tenha sido a prova com as condições climatéricas mais adversas em que participei. Andei praticamente toda a etapa em fuga e o 9º lugar foi o resultado possível numa chegada tão dura.

Tens apenas 21 anos e muito tempo para progredir. Como vês a tua evolução e quais as características mais fortes que destacas enquanto corredor?

As minhas características adequam-se mais a etapas duras de montanha, preferindo sempre correr com os profissionais, porque o ritmo é forte. Não me adapto muito bem a provas com acelerações constantes. Também gosto bastante de trabalhar para a equipa em etapas duras, penso ser uma mais-valia.

O que esperas alcançar no futuro a médio prazo?

Quanto ao meu futuro ainda não sei. Não tem sido fácil depois de uma época menos satisfatória, mas espero vir a fazer nas próximas épocas os mesmos resultados do passado e evoluir como pessoa e ciclista.

Podes adiantar se continuas na equipa Anicolor?

Não pretendo continuar na Anicolor. Desde já, agradeço a aposta do chefe Pedro Silva e por todo o trabalho realizado comigo. Gostava de concretizar o sonho de ser ciclista profissional na equipa que sempre admirei desde que entrei no ciclismo. Ou voltar para junto das pessoas onde já fui feliz e sempre fizeram tudo por mim.

Tens por hábito treinar com alguns ciclistas profissionais. Como é essa convivência?

É simplesmente espectacular, são pessoas simples que nos ajudam a melhorar como pessoa e ciclista. Nos anos anteriores o grupo era maior, mas por várias razões muitos deles foram-se separando. Sinto falta desse grupo, onde por vezes nos juntávamos entre 10 a 20 ciclistas para os treinos diários e fazíamos as nossas pequenas guerras. Assim os treinos passavam a voar. Bons tempos.

Paulo Silva a impor o ritmo lado-a-lado com o
profissional João Benta no Circuito da Moita (foto Helena Dias)
Paulo Silva em pleno ataque no Circuito da Moita com
o ex-companheiro de equipa André Crispim (foto Helena Dias)

Comentários

  1. É um trabalho que admiro e gosto de seguir ouvir os ciclistas saber o que fizeram e os seus desejos para o futuro. Por tudo isto parabéns a modalidade e os seus intervenientes precisam deste interesse continuo.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Calendário e equipas lusas de estrada 2021

Abril promete ser o mês do regresso das competições de ciclismo em Portugal. Nos dias 10 e 11, Anadia irá receber o pelotão elite e sub-23, com as equipas de clube a disputarem no sábado o Circuito CAR Anadia , enquanto as equipas continentais irão disputar no domingo a Prova de Abertura – Região de Aveiro , ambas pontuáveis para a Taça de Portugal Jogos Santa Casa.  

O calvário de André Domingues: “Assim que recuperar, voltarei!”

No final da época passada, o jornal desportivo O JOGO intitulava um dos seus artigos no «Anuário de Ciclismo 2021»: “André Domingues tem muita qualidade” . Natural de Pousos, Leiria, o ciclista de apenas 21 anos, acabados de celebrar a 14 de Dezembro, viu-se arredado da competição desde o final do mês de Janeiro de 2022, devido a problemas de saúde. André Domingues ainda conseguiu estrear-se com as cores da ProTeam Burgos BH, mas na terceira prova do Challenge de Mallorca, o Trofeo Andratx, não conseguiu resistir ao que o corpo lhe pedia há muito tempo, para parar, acabando por desistir antes de chegar à linha de meta.   André Domingues no Challenge de Mallorca (foto: Álvaro García) Com o início de 2022, chegou o sonho de correr num nível acima ao que pedalava em Portugal. A ProTeam espanhola Burgos BH abriu as portas do sonho internacional a André Domingues , após uma temporada de êxito na equipa continental Efapel, com a qual venceu em 2021 a Volta a Portugal do Futuro, o Campeonato