Avançar para o conteúdo principal

Uma perspectiva do ciclocrosse português

“Para uns é uma corrida, para outros é um espectáculo. Mas para mim é um vício.” Assim descreveu Celestino Pinho o ciclocrosse quando esta vertente regressou ao calendário luso de ciclismo.

Em Dezembro de 2010, Portugal assistiu ao regresso do ciclocrosse em território nacional pela mão da Associação de Ciclismo do Porto juntamente com a equipa Candibyke. Desde então, um grupo reduzido de atletas tem vindo a acalentar o sonho de torná-lo cativante à escala nacional, tentando passar a potenciais organizadores de provas e ao público a magia inerente a esta vertente. Entre os nomes mais destacados nas provas da Taça de Portugal, o da campeã nacional Isabel Caetano impõe-se em toda a escala pelas suas vitórias em todos os Campeonatos Nacionais desde 2010, enquanto no sector masculino Vítor Santos ocupa desde 2012 o triunfo nacional após o precoce adeus de Celestino Pinho à modalidade, até então detentor do título nacional. Outros rostos sobressaem pelo seu valor, nomeadamente Ana Rita Vigário, Joana Monteiro, Mário Costa e Fábio Ribeiro, apenas abordando os escalões elite e sub-23, sem contudo esquecer o valoroso contributo competitivo de cadetes, juniores e categorias masters. 

Isabel Caetano (Foto Facebook Rorizbtt Acrr)
Ao contrário dos anos dourados vividos entre as décadas de 50 e 80, na actualidade, e salvo raras excepções, os ciclistas de estrada não se sentem cativados por esta vertente de inverno. Nas referidas décadas de ouro, o ciclocrosse preenchia a fase da temporada pós-estrada com um interessante número de provas a nível nacional e regional. Estas provas eram vistas como um foco de atracção para os corredores de estrada incrementarem a sua forma física, já de mente focada na próxima temporada a enfrentar. Assim, desta união saíam fortalecidos os ciclistas de estrada e também o ciclocrosse, que mantinha a sua força no país chegando a atrair para as suas enlameadas competições os reis da montanha da Volta a Portugal como Venceslau Fernandes e José Santiago, nunca esquecendo o nome do dono da Volta de 1964 Joaquim Leão.

Hoje, a realidade é outra. Aos circuitos de ciclocrosse acorrem maioritariamente atletas de BTT/XCO. A incontornável falta de condições financeiras explica em grande parte o desinteresse das equipas continentais e de clube por esta vertente de inverno. Findo o calendário de estrada, os ciclistas têm liberdade para preencher os últimos meses do ano da forma que entenderem, tendo que procurar a nível individual um apoio/patrocínio que os ajude na obtenção de uma bicicleta de ciclocrosse se quiserem acorrer a este tipo de competição, já que o número reduzido de provas não compensa às equipas utilizar os escassos recursos financeiros que dispõem na aquisição de uma máquina para um compromisso mínimo de quatro ou cinco provas.

O calendário tem sofrido poucas alterações desde o regresso do ciclocrosse a território luso. Nas primeiras temporadas compôs-se da Prova de Abertura, quatro provas pontuáveis para a Taça de Portugal, evoluindo posteriormente para cinco, além do Campeonato Nacional, que em 2013 foi registado pela primeira vez no calendário UCI. No entanto, em 2014/2015 cingir-se-á ao Campeonato e a quatro provas da Taça, temendo-se pelo futuro desta vertente no país, que se apoia cada vez mais no calendário galego pela sua proximidade, contando que os atletas rumem ao país vizinho para a prática do ciclocrosse. Deste modo, o investimento em Portugal cai no esquecimento, não se perscrutando um plano a médio e longo prazo para a implementação estruturada do ciclocrosse de norte a sul do país.

Calendário Luso Ciclocrosse 2014/2015
Data
Corrida
Local
09/Nov/2014
1ª Prova Taça de Portugal
Paredes
30/Nov/2014
2ª Prova Taça de Portugal
Gondomar
14/Dez/2014
3ª Prova Taça de Portugal
Torre Dona Chama
11/Jan/2015
Campeonato Nacional
Minho
18/Jan/2015
4ª Prova Taça de Portugal
Águeda

(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.

Ciclistas portugueses no estrangeiro em 2022

A época de 2022 já decorre a toda a velocidade no pelotão internacional. Este ano, o ciclismo português conta com 18 ciclistas em equipas estrangeiras de Estrada UCI e quatro na vertente de BTT UCI.