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Daniela Campos: “Espero regressar à Vuelta com objectivos maiores”

Em 2022, a jovem Daniela Campos sagrou-se duplamente campeã nacional ao abraçar o ouro na prova de fundo e de contra-relógio entre as ciclistas elites no Campeonato Nacional de Estrada, celebrado em finais do mês de Junho na vila raiana do Mogadouro, bem no interior norte do país. A ciclista algarvia de 20 anos irá correr com as cores nacionais ao peito, pelo terceiro ano consecutivo, na equipa basca Bizkaia-Durango, de categoria UCI, com a qual venceu no ano transacto o Trofeu de Ciclisme Femeni Clàssica de l’arrós, em Espanha.
 
Daniela Campos com a camisola de campeã nacional (foto: Twitter Bizkaia-Durango)

Não é a primeira vez que Daniela Campos conquista o título nacional de estrada, já tendo assegurado a vitória no contra-relógio em 2021 e em ambas as provas no escalão de juniores. Também neste jovem escalão sagrou-se campeã europeia de pista na disciplina de eliminação, aquando do Campeonato da Europa de Pista 2020, em Fiorenzuola d’Arda, Itália, onde conquistou também a prata na corrida por pontos e o bronze em omnium. Em 2022, subiu ao pódio no Europeu Sub-23 de Pista, celebrado em Anadia, com a conquista da medalha de bronze em scratch, em pleno Velódromo Nacional.
 
Foi precisamente no Velódromo localizado no Centro de Alto Rendimento, em Anadia, que a campeã nacional iniciou os trabalhos em 2023, num primeiro estágio com a Selecção Nacional de Pista. O Cycling & Thoughts aproveitou a ocasião para falar com Daniela Campos.
 
Cycling & Thoughts: Em que consiste este estágio de pista?
Daniela Campos: “Este estágio serve para a nossa preparação para o Campeonato da Europa de Pista, que se vai realizar no início de Fevereiro. Todos os estágios que vamos fazer no mês de Janeiro, e mesmo as competições, servem para a preparação do mesmo.”
 
C&T: Com que expectativas olhas para o Europeu de Pista?
DC: “Estou num processo de desenvolvimento e aprendizagem e é muito por aí que vou levar mais esta competição. Não tenho muita esperança nos resultados, mas sim de melhorar nos aspectos físicos e nos aspectos técnicos, que são o mais importante para as competições futuras.”
 
C&T: Corres na Bizkaia-Durango desde 2021. Como têm sido estes anos com a equipa espanhola?
DC: “Têm sido bastante bons. A equipa tem um calendário muito internacional, fazemos muitas competições na Bélgica no início da época. Mesmo a Vuelta e o Giro são bastante importantes a nível mundial e é muito importante a equipa correr essas competições. Ano após ano, tenho conquistado o meu lugar na equipa e isso é o mais importante para poder realizar objectivos, tanto pessoais como da equipa.”
 
C&T: Com a Bizkaia-Durango correste a Vuelta em 2022. Como foi essa experiência?
DC: “Foi a minha primeira prova por etapas, se não me engano. Foi uma experiência muito boa, bastante dura. Fiz uma preparação muito boa para essa competição, mas tive um imprevisto. Uma amigdalite dois dias antes de começar prejudicou um bocado o meu rendimento durante a competição. Mas não me impediu de correr e, portanto, acho que foi uma experiência bastante boa e espero este ano regressar à Vuelta e com objectivos maiores.”
 
C&T: Tens tido excelentes resultados, mas a dupla conquista do Campeonato Nacional tem um sabor especial?
DC: “Sem dúvida, os Campeonatos Nacionais são um objectivo muito grande para qualquer atleta, porque vestimos as cores da nossa nação o ano todo. É um grande objectivo da época. Acredito que seja bastante diferente correr com a camisola de campeã nacional, pela forma como as pessoas olham para nós e também como nós nos sentimos diferentes por estarmos a usar uma camisola que representa o nosso país. Temos mais olhos em cima de nós.”
 
C&T: Como te caracterizas enquanto ciclista?
DC: “Sou uma atleta que passa tudo, faço tudo relativamente bem. Se estiver num bom pico de forma consigo passar bem as subidas. No entanto, tenho uma ponta final bastante boa. Acho que sou uma atleta de clássicas.”
 
C&T: Já conheces uma parte do teu calendário para 2023?
DC: “Sim. No início do ano vou ter muitas competições de pista. O mês de Maio vai ser também bastante completo, começando com a Vuelta, que vai ter sete dias, e depois a Volta a Burgos [ambas de categoria UCI Women’s WorldTour]. Em princípio, estas vão ser as duas provas por etapas que vou realizar em Maio. Depois, tenho Copas de Espanhas, provas em Espanha e os Campeonatos da Europa e do Mundo, que são um dos grandes objectivos para mim este ano. Acho que vai ser muito importante poder fazer um bom resultado.”
 
C&T: Tem sido fácil conciliar pista e estrada?
DC: “Tenho consigo fazê-lo. Eu, o professor Gabriel e o meu treinador temos conseguido fazer uma boa gestão, mas nem sempre é fácil, porque há muitas competições de pista, com objectivos bem definidos, e na estrada está o jogo um bocado aberto. Temos tentado fazer o balanço dos dois e até agora tem corrido bem.”
 
Ao lado de Daniela Campos na equipa Bizkaia-Durango estará, pela segunda época consecutiva, a vice-campeã nacional de contra-relógio Beatriz Pereira, de 19 anos.

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