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Alejandro Marque: “É uma sensação única saber que tenho a amarela no quarto”

Em dia de descanso na 82ª Volta a Portugal, o líder da camisola amarela Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) acedeu a conversar com o Cycling & Thoughts sobre o momento que está a viver na liderança da classificação geral da prova rainha lusa, a vitória na Torre e os principais rivais, para além das equipas portuguesas o jovem Abner González, da Movistar Team. Aos 39 anos de idade, o galego Alex como é carinhosamente conhecido, volta a viver o sonho da camisola amarela na Volta a Portugal, que já conquistou em 2013.

Alejandro Marque como rei da Torre e líder da camisola amarela (© João Fonseca)

 
Como é chegar ao dia de descanso com a camisola amarela?
 
“A verdade é que é uma sensação única! Saber que, no dia de descanso, tenho a amarela no quarto e amanhã parto para a etapa com ela, é algo importante. Estava agora a falar com os meus colegas que, nos últimos anos, este é o primeiro que não é a W52-FC Porto a ter a amarela no dia de descanso e isso diz muito do bem que estamos a fazer.”
 
Já tinhas ganho duas etapas na Volta a Portugal, dois contra-relógios, mas ganhar na Torre é algo especial.
 
“Sim, é uma sensação indescriptível. Todos sonhamos vencer ali. Desde que comecei a correr em Portugal, a ver o que era a Volta a Portugal, o sentimento que vai aflorando é a admiração quando alguém levanta os braços na Torre. É a etapa mais difícil e a mais valorizada da Volta. E da maneira que ganhei, isolado, com tempo para desfrutar… foi um momento único.”
 
É mostrar para Portugal e para o estrangeiro que o talento continua aí?
 
“Sempre continuei a trabalhar. O ciclismo é como a vida, vais encontrar adversidades e tens que saber ultrapassá-las. A verdade é que, nestes últimos anos, a vitória resistia, mas nunca desisti de trabalhar. Mais tarde ou mais cedo, sabia que a vitória ia chegar e foi da melhor maneira possível. Estar sem ganhar desde o Tour da China [2018] e ganhar desta maneira, foi uma vitória magnífica!”
 
Ontem, a vossa equipa teve um grande trabalho, não só com Emanuel Duarte, mas também com Gustavo Veloso e tu a finalizares mantendo a amarela. Foi difícil?
 
“Realmente, ontem foi um dia muito difícil. Começámos com muito azar, na partida simbólica o Gustavo teve uma queda. Estou no quarto com ele e realmente está com demasiados ferimentos e não sei onde foi buscar forças para ajudar-me a defender esta camisola e, sobretudo, abdicar de um sonho que ele tinha, que era vencer a Volta a Portugal. Colocou-se em forma para esta corrida e sabendo que é o último ano dele, que queria deixar o ciclismo em grande, esse sentimento deixa-me um pouco triste, mas sei que esta acção que fez ontem foi espectacular. O que posso dizer… os meus colegas fizeram um grandíssimo trabalho, todos, porque controlaram a corrida excepcionalmente com dois ciclistas nessa parte mais difícil, quando iam os homens da W52-FC Porto e da Efapel na frente, e conseguimos deixá-los perto. Depois tive aquele problema mecânico, onde eles ganharam um pouco mais de distância, mas no final conseguimos manter a camisola, nem que seja por cinco segundos e estamos na luta pela classificação geral.”
 
Em relação à classificação geral, a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel tem a W52-FC Porto e a Efapel logo ali encostados, mas o que dizes do jovem Abner González da Movistar Team?
 
“Pois, a verdade é que ninguém fala dele e é um ciclista que, pelos resultados que tem tido até agora, é um grandíssimo ciclista. É jovem, não sei até que ponto a inexperiência pode marcar o seu resultado, mas está a fazer uma excelente Volta. Vai digamos que tapado e, às vezes, correr assim e chegar com opções ao contra-relógio, também pode ser um rival a ter em conta para esta Volta a Portugal. De facto, ninguém está a falar nele e eu sempre digo que ele também é um homem perigoso para a geral.”
 
Gustavo Veloso disse que esta era a última época enquanto corredor profissional. E em relação a ti, vamos poder continuar a contar contigo no pelotão?
 
“Eu queria tomar essa decisão durante a corrida. Sentir-me ciclista, sentir que ainda continuo aí e com este resultado, parece que se abre um pouquinho mais a perspectiva de continuar. É algo que irei avaliar no fim da Volta. É algo que sempre gostei de fazer, desde que não custe sair para treinar, ser profissional e tudo mais, creio que tenho de aproveitar até ao último momento, porque é o que venho a fazer a vida toda e é o que realmente gosto.”

Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel na apresentação de equipas da Volta a Portugal (© Helena Dias)

(© Helena Dias)

Alejandro Marque no contra-relógio do prólogo da Volta a Portugal (© Helena Dias)

Alejandro Marque no final do prólogo (© Helena Dias)

Primeira etapa em Setúbal (© Volta a Portugal)

Alejandro Marque após a chegada da 1ª etapa a Setúbal (© Helena Dias)




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