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Jogos Olímpicos no feminino, um sonho antigo


À luz de um artigo publicado no “Luso Jornal”, de 02-01-2013, impôs-se no pensamento uma reflexão sobre a possibilidade de Portugal ter uma representação feminina nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O sonho é antigo, tal como antiga é a dificuldade em torná-lo realidade.

Segundo este artigo, o ex responsável da equipa CSM Epinay Sur Seine e actual responsável da empresa de consultadoria em desporto ACS, Paulo Duarte, apresentou um projecto à Federação Portuguesa de Ciclismo com vista à preparação de uma equipa feminina para participar em tão importante evento desportivo. A ideia consiste em proporcionar às atletas, além da preparação feita em Portugal, a possibilidade de disputar corridas na França e na Bélgica, onde o ritmo competitivo é mais elevado e o nível de profissionalismo muito acima do português que, embora a melhorar, ainda tem muito trabalho pela frente. A somar a isto, nas suas próprias palavras, «a ideia é fazer um protocolo com um clube francês ou com uma associação portuguesa que acredite no projecto».

Conhecendo o trabalho de Paulo Duarte à frente da equipa CSM Epinay Sur Seine, na qual a campeã portuguesa Isabel Caetano tem vindo a encher de orgulho o país pelos valorosos resultados obtidos, esta parece ser uma ideia bastante viável e, se aproveitada pelas autoridades competentes, pode melhorar o futuro do ciclismo feminino luso. Em Portugal, ‘matéria prima’ não falta. Segundo números da Federação Portuguesa de Ciclismo, em 2002 o país contava com 90 atletas no somatório de todos os escalões etários, número que cresceu exponencialmente para 504 no ano de 2012. Impunha-se uma aposta mais séria nesta vertente e a criação, em 2013, de um cargo de direcção na Federação exclusivamente voltado para o desenvolvimento do ciclismo feminino é, sem dúvida, um bom prenúncio do interesse em apostar nas atletas. Há também que proporcionar um maior número de provas, de qualidade igual à vertente masculina, para que a evolução possa ser consistente.

Em Portugal, o ciclismo conheceu grandes ciclistas femininas e uma já figurou entre os maiores nomes internacionais nos Jogos Olímpicos. Tudo poderia ter começado em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, onde a campeã nacional Ana Barros, que marcou toda a década de 90, se viu impedida de competir após um acidente num treino. Nada que a fizesse esmorecer e quatro anos depois esteve em Atlanta, alcançando o 23º lugar na prova de estrada, a 53 segundos da vencedora Jeannie Longo e com o mesmo tempo da 4ª classificada. Portugal também teve uma representação feminina nos Jogos Olímpicos de Verão da Juventude de Singapura, em 2010, com a atleta Magda Martins.

Olhando para o presente e pensando no que poderá ser o futuro, valores não faltam para brilhar no Rio de Janeiro em 2016. Só falta apostar com seriedade no ciclismo feminino e deixar que nomes como a incontestável Isabel Caetano, Celina Carpinteiro e Ester Alves possam continuar a mostrar o bom ciclismo que praticam. Nunca esquecendo as promissoras Joana Ferreira, Ana Rita Reis ou Marisa Santos.

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