Avançar para o conteúdo principal

João Almeida e o Giro d’Italia 2022: “Vamos com o objectivo do pódio”

Com a aproximação do Giro d’Italia (2.UWT), la più bella corsa del mondo, apontam-se nomes para ocuparem os mais desejados lugares do pódio e, principalmente, sobre quem será o dono da maglia rosa em 2022. O português João Almeida (UAE Team Emirates), de 23 anos, é um dos incontestáveis favoritos para esta edição, fruto do caminho que tem pedalado nas mais importantes competições internacionais, incluindo o Giro, onde já terminou em 4.º (2020) e 6.º (2021) na classificação geral.
 
João Almeida na vitória de etapa na Volta a Catalunha (foto: SprintCyclingAgency)

Na presente época e em nova equipa João Almeida já deu provas da sua inegável qualidade com o 3.º lugar alcançado na Volta a Catalunha, onde venceu uma etapa e chegou a vestir a camisola de líder da prova. Antes da prova catalã, conquistou a camisola da juventude na histórica Paris-Nice, na qual terminou em 8.º da geral, tendo dado início à época no UAE Tour com um 5.º lugar na geral ganha pelo companheiro Tadej Pogacar.
 
A uma semana do início da 105ª edição do Giro d’Italia, que se realiza entre os dias 6 e 29 de Maio, o Cycling & Thoughts falou com João Almeida, que se encontra com os companheiros da UAE Team Emirates em preparação na Serra Nevada, em Espanha. O jovem luso revelou o seu estado de espírito perante a proximidade da prova: “Claro que estou entusiasmado. Há medida que se vai aproximando vou ficando mais ansioso de começar e ver como é que me encontro perante os adversários.”
 
Sobre a preparação que tem realizado na Serra Nevada junto com os colegas lusos Rui Costa e Rui Oliveira, que estarão a seu lado no Giro, João Almeida contou que se tem “sentido bastante bem. Estive um pouco doente depois da Catalunha, mas foi aqui na Serra Nevada que comecei a encontrar boas sensações e ganhei forma de novo. Tem corrido bem e estou bastante feliz com a preparação que tenho feito.”
 
Há dois anos, em 2020, o jovem corredor natural de A-dos-Francos, nas Caldas da Rainha, conseguiu o que nunca outro português tinha conseguido: envergar por 15 dias consecutivos a camisola rosa, símbolo da liderança da grande volta italiana. Apenas dois corredores no activo alcançaram esse feito por mais dias: o italiano Vincenzo Nibali, por 20 dias, e o neerlandês Tom Dumoulin, por 17 dias. Entre os portugueses, apenas Acácio da Silva envergou a camisola rosa por dois dias, em 1989, após vencer a jornada do Monte Etna.
 
Quando perguntámos o que pensa João Almeida sobre as expectativas que os fãs portugueses têm sobre si, a resposta foi sincera: “Acho que os portugueses têm a expectativa bastante alta e podem esperar que eu dê o meu melhor, essa é uma certeza. Claro que vamos com o objectivo do pódio, mas sabemos que tudo pode acontecer.”
 
Este ano, o Giro começa pela primeira vez na sua história na Hungria com três etapas, rumando em seguida até Itália, onde irá percorrer a famosa bota de sul para norte num total de 3.445,6 quilómetros. Esta edição é, desde 1962, a que tem menos percurso dedicado ao contra-relógio com apenas 26,3 quilómetros distribuídos por duas etapas, a segunda no coração de Budapeste (9,2 km) e a última em Verona (17,4 km), cidade que consagrou o amor de Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Será ali que iremos conhecer o vencedor da prova com mais Amore Infinito.
 
João Almeida não se mostrou demasiado preocupado com o tema do contra-relógio: “Acaba por ser menos vantajoso não haver tantos quilómetros de contra-relógio, mas no final de contas é sempre a montanha que faz as grandes diferenças e que marca a corrida. O contra-relógio afina um pouco a classificação, mas nunca faz umas diferenças brutais em termos da classificação final. Obviamente que seria melhor com mais contra-relógio, mas mesmo assim continuamos confiantes.”
 
Chegados a Itália, após o primeiro dia de descanso, o pelotão irá deparar-se com a chegada da quarta etapa ao Monte Etna (1.ª cat. | 22,8 km de extensão a 5,9% pendente média e 14% máxima), um local com bastante significado para Portugal. Começarão a fazer-se aqui as primeiras diferenças na luta pela geral? “Penso que sim. Tenho boas recordações do Etna. Em 2020 foi uma montanha que por si já fez diferenças, foi uma etapa muito rápida o dia todo, também marcada com alguma chuva. É uma subida dura e acho que vai marcar diferenças, sem dúvida”, atestou João Almeida, acrescentando também o gosto que teria em vencer no alto do Etna, “porque foi lá que ganhei a minha primeira camisola rosa em 2020 e também pelo facto do português que ganhou ali, Acácio da Silva, ter tido muitos bons momentos naquele lugar. Espero que nos sorria de novo pela positiva.”
 
Antes do segundo dia de descanso, teremos uma jornada de máxima dificuldade, a nona etapa com chegada a Blockhaus (1.ª cat. | 13,6 km a 8,4% média e 14% máxima), onde Eddy Merckx venceu a sua primeira etapa no Giro, em 1967. Segue-se uma semana montanhosa, de constante sobe e desce, mas com a alta montanha a chegar na derradeira semana. Quem resistir até aqui terá pela frente a chegada da 16.ª etapa a Aprica, num exigente percurso com passagem pelo Mortirolo (1.ª cat. | 12,6 km a 7,6% média e 16% máxima) e Santa Cristina (1.ª cat. | 13,5 km a 8% média e 13% máxima), não esquecendo o penúltimo dia com final em Marmolada/Passo Fedaia (1.ª cat. | 14 km a 7,6% média e 18% máxima), tendo de enfrentar ao longo do dia o Passo San Pellegrino (1.ª cat. | 18,5 km a 6,2% média e 15% máxima) e o Passo Pordoi (C | 11,8 km a 6,8% média e 10% máxima).
 
“Tenho a certeza que na última semana vai haver grandes diferenças. Claro que não sabemos se alguém vai recuperar tempo ou perder ainda mais tempo, mas tenho a certeza que aquelas duas etapas vão fazer uma grande diferença e marcar o Giro. Penso que sairá dali o vencedor”, vaticinou João Almeida.
 
O pelotão do 105º Giro d’Italia contará com 176 corredores de 22 equipas, das quais 18 do WorldTour e quatro ProTeams. Entre os favoritos à vitória os nomes mais falados pertencem a três vencedores do Giro presentes nesta edição, nomeadamente o equatoriano de 28 anos Richard Carapaz (Ineos Grenadiers), o neerlandês de 31 anos Tom Dumoulin (Jumbo-Visma) e o italiano de 37 anos Vincenzo Nibali (Astana Qazaqstan Team), somando-se a estes nomes o do britânico de 29 anos Simon Yates (Team Bike Exchange) e do francês de 31 anos Romain Bardet (Team DSM).
 
Para o ciclista português, “Penso que Carapaz seja a maior preocupação, mas Bardet também está bastante forte e Yates igual. São os três que eu diria serem os mais fortes. Claro que nunca se pode descartar ninguém. Carapaz tem uma grande equipa a seu lado e acho que pode ser um Giro muito duro com vários rivais”, rematou João Almeida.
 
GIRO D’ITALIA 2022
Data
Etapa
Dificuldade
Início - Final
Distância
06/05 Sexta
1
xx
Budapeste - Visegrád
195 km
07/05 Sábado
2
xxx
Budapeste - Budapeste (CRI)
9,2 km
08/05 Domingo
3
x
Kaposvár - Balatonfüred
201 km
DESCANSO
10/05 Terça
4
xxxx
Avola - Etna
172 km
11/05 Quarta
5
xx
Catania - Messina
174 km
12/05 Quinta
6
xx
Palmi - Scalea
192 km
13/05 Sexta
7
xxxx
Diamante - Potenza
196 km
14/05 Sábado
8
xx
Napoli - Napoli
153 km
15/05 Domingo
9
xxxxx
Iserna - Blockhaus
191 km
DESCANSO
17/05 Terça
10
xxx
Pescara - Jesi
196 km
18/05 Quarta
11
x
Santarcangelo di Romagna - Reggio Emilia
203 km
19/05 Quinta
12
xxx
Parma - Génova
204 km
20/05 Sexta
13
xx
Sanremo - Cuneo
150 km
21/05 Sábado
14
xxxx
Santena - Torino
147 km
22/05 Domingo
15
xxxx
Rivarolo Canavese - Cogne
178 km
DESCANSO
24/05 Terça
16
xxxxx
Salò - Aprica
202 km
25/05 Quarta
17
xxxx
Ponte di Legno - Lavarone
168 km
26/05 Quinta
18
x
Borgo Valsugana - Treviso
152 km
27/05 Sexta
19
xxxx
Marano Lagunare - Santuario di Castelmonte
177 km
28/05 Sábado
20
xxxxx
Belluno - Marmolada (Passo Fedaia)
168 km
29/05 Domingo
21
xxx
Verona - Verona (CRI)
17,4 km

Comentários

Enviar um comentário

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.

Pedro Lopes e Alcobaça CC, uma história de sucesso

Pedro Lopes (27/01/1999) é o mais recente vencedor da Taça de Portugal de Juniores 2017. Ao serviço da equipa de formação Alcobaça CC/Crédito Agrícola, o jovem de 18 anos conquistou o troféu mais almejado numa temporada que já conta com outras importantes vitórias. Natural de Leiria, Pedro Lopes é federado desde 2012, ano em que entrou para o Alcobaça Clube de Ciclismo, casa onde tem pedalado todos estes anos de formação. Com este Clube vestiu em 2015 a camisola de campeão nacional de contra-relógio no escalão de cadetes, obtendo em 2016 no escalão de juniores o título de vice-campeão nacional de fundo, ano em que conquistou a camisola da juventude (júnior de 1º ano) na Volta a Portugal de Juniores, sendo 3º na geral, agarrando a mesma camisola na Volta a Loulé, uma das principais provas deste escalão.