Desde a realização da Clássica da Primavera, no início de
Março, o blog Cycling & Thoughts sofreu
uma paragem, mas a competição continuou com as equipas lusas a lutarem pela
vitória dentro e fora do país e Luís Mendonça a assumir a liderança do ranking
APCP ‘Ciclista do Ano’. O ciclista da Aviludo-Louletano-Uli subiu ao comando da
tabela nacional em Março, fruto da preponderante conquista da Volta ao
Alentejo, dividindo a liderança em Abril com Domingos Gonçalves, campeão
nacional de contra-relógio ao serviço da RP-Boavista. A W52-FC Porto apossou-se
do comando do ranking ‘Equipa do Ano’ e o basco Xuban Errazkin, este ano a
defender as cores da Vito-Feirense-Blackjack, tomou para si o lugar de melhor
sub-23 do ranking, título que venceu em 2017.
Também no mês de Abril, a APCP (Associação Portuguesa de
Ciclistas Profissionais) viveu a saída de Joaquim Andrade da presidência, após
vários anos de dedicação e trabalho no melhoramento das condições laborais dos
ciclistas, quer junto das instâncias nacionais quer das instâncias
internacionais, e com vincada presença diante da CPA – Cyclistes Professionnels
Associés. Para ocupar o cargo foi eleito Rui Sousa, um dos mais respeitados
rostos do ciclismo nacional, que terminou a carreira de ciclista profissional
no final do ano transacto e pretende assegurar a continuidade do trabalho desenvolvido.
Ainda neste período, vimos partir cedo demais Paulo Ferreira.
A luta que travava contra o cancro terminou aos 47 anos de idade e o Cycling
& Thoughts presta aqui a sua pequena homenagem ao ciclista gondomarense, que
marcou o ciclismo profissional entre 1990 e 2005 nas mais importantes equipas nacionais,
desde a Tensai à Sicasal, passando pela Maia, Benfica, Barbot, Cantanhede,
Paredes e Loulé, inscrevendo o seu nome no mais alto lugar do pódio em provas como
a inesquecível clássica Porto-Lisboa e o Grande Prémio JN.
Regressando à competição, mais precisamente em Portugal,
após as vitórias de Tiago Machado (Katusha-Alpecin) pela Selecção Nacional na
Prova de Abertura, do polaco Michal Kwiatkowski (Sky) na Volta ao Algarve e de Domingos
Gonçalves (RP-Boavista) na Clássica da Primavera, sucederam-se os triunfos do
russo Dmitry Strakhov (Lokosphinx) na Clássica da Arrábida e no Grande Prémio
Beiras e Serra da Estrela, Luís Mendonça (Aviludo-Louletano-Uli) na Alentejana,
Daniel Mestre (Efapel) na Clássica Aldeias do Xisto e do galego Ángel Sánchez
(W52-FC Porto) na Volta às Terras de Santa Maria, este ano reduzida a um dia de
prova.
Quanto ao Troféu Liberty Seguros, composto pela Prova de Abertura
e pelas Clássicas da Arrábida e Aldeias do Xisto, o premiado pela regularidade
nas três corridas foi o espanhol Óscar Hernández (Aviludo-Louletano-Uli) em
elites e André Carvalho (Liberty Seguros-Carglass) em sub-23.
No calendário lusitano seguem-se o Grande Prémio Anicolor, a
20 de Maio, e o Grande Prémio Jornal de Notícias, entre 28 de Maio e 3 de
Junho.
Como é tradição, as equipas lusas não se limitaram a correr
em território nacional, viajando até Espanha para alcançarem lugares de mérito
nas diversas corridas disputadas. Em todo o seu esplendor no regresso às
vitórias, Edgar Pinto conquistou para a Vito-Feirense-Blackjack a vitória da
Vuelta a Madrid, juntando à geral o triunfo da primeira jornada.
Ricardo Mestre (W52-FC Porto) também brilhou no país vizinho
com a vitória da última etapa da Vuelta Asturias, a qual fechou em terceiro da
geral, ganha pelo equatoriano Richard Carapaz (Movistar Team), e vendo o
companheiro de equipa César Fonte fechar o Top 10, precedido em nono pelo
internacional luso Joaquim Silva (Caja Rural-Seguros RGA). A esquadra azul e
branca viu ainda Gustavo Veloso ser sexto na Klasika Primavera Amorebieta,
prova ganha pelo costa-riquenho Andrey Amador (Movistar Team).
Já na Vuelta a Aragón, prova que em boa hora regressou à
estrada após 13 anos de interregno, foi a vez de Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira)
lutar pelos lugares cimeiros, terminando em sétimo no triunfo do espanhol Jaime
Rosón (Movistar Team). A equipa verde e branca foi a quarta melhor do pelotão,
tal como tinha sucedido na Vuelta a Castilla y León, onde Mario González
(Sporting-Tavira) foi sexto e Daniel Mestre (Efapel) oitavo, tendo a vitória pertencido
ao espanhol Rubén Plaza (Israel Cycling Academy).
No que toca aos internacionais lusos, João Almeida (Hagens
Berman Axeon) destacou-se em larga escala ao conquistar a Liège-Bastogne-Liège
U23. O companheiro Rui Oliveira aglomerou uma série de interessantes resultados
em diversas competições, desde o sexto lugar na Arno Wallaard Memorial, sétimo
na Handzame Classic e no ZLM Tour, quinto da juventude no Circuit des Ardennes e
no Tour de Bretagne, além de vários lugares no Top 10 das etapas de ambas as
competições.
O irmão Ivo Oliveira (Hagens Berman Axeon) venceu a última
etapa do referido Circuit des Ardennes e começou agora o Tour of California com
um valente 11º posto no sprint da etapa inaugural. Já o campeão nacional de
fundo Rúben Guerreiro (Trek-Segafredo) protagonizou uma subida de se tirar o
chapéu na categoria especial de Gibraltar Road, no desfecho da segunda jornada,
que lhe valeu o décimo lugar na meta.
Igualmente em competição encontra-se José Gonçalves
(Katusha-Alpecin), o único ciclista português a pisar o palco do Giro d’Italia
em 2018. Às primeiras pedaladas alcançou logo um quarto lugar no contra-relógio
inaugural em Jerusalém, nesta incursão da Corsa Rosa a Israel, e um terceiro lugar
na quinta etapa em Valle del Belice.
Quanto a Rui Costa (UAE Team Emirates), bateu-se pelo Tour
de Romandie, fechando em quinto a competição ganha pelo esloveno Primoz Roglic
(LottoNL-Jumbo). Ricardo Vilela (Manzana Postobón) foi sexto na vitória do
suíço Silvan Dillier (AG2R La Mondiale) na Route Adélie de Vitré.
O vencedor do ranking APCP ‘Ciclista do Ano 2017’, Amaro
Antunes (CCC Sprandi Polkowice), sofreu uma duríssima queda no Tour of the
Alps, mas regressou em força no Giro dell’Appennino, sendo segundo com o mesmo
tempo do vencedor italiano Giulio Cicone (Bardiani-CSF). Finalizou ainda o CCC
Tour–Grody Piastowskie em décimo, com a vitória a pertencer ao companheiro de
equipa Lukasz Owsian.
Também de pedaladas femininas se fizeram estes meses, com Maria
Martins a conseguir para a sua nova equipa Sopela um segundo e quarto lugares em
etapas da Panorama Guizhou International Women’s Road Cycling Race, corrida
ganha pela espanhola Sheyla Gutiérrez (Cylance Pro Cycling), onde Daniela Reis
(Doltcini-Van Eyck Sport) foi 27ª e ficou em segundo por equipas, festejando
ainda a vitória da companheira Tetyana Riabchenko na classificação da montanha.
Em Portugal, a Taça de Portugal Femininas já arrumou três
das quatro provas pontuáveis, com a vitória a recair em Emily Meakin (Fusion
Velo Performance) na primeira prova em Albufeira, Maria Martins (Sopela) na
segunda prova em Palmela e a companheira de equipa Soraia Silva na terceira
prova em Vila Chã de Ourique.
Fechamos este artigo com a referência à saída de Tiago
Antunes da equipa do Centro Mundial de Ciclismo UCI para ingressar na espanhola
Aldro Team, com a qual correu algumas provas em 2017. O director Manolo Saiz há
muito que pretendia o jovem luso na equipa e a aposta já rendeu um assinalável
quarto lugar na Vuelta al Bidasoa, histórica prova espanhola detentora no seu
palmarés de nomes como Luis Ocaña, Abraham Olano, José Luis Rubiera, Carlos
Sastre e este ano Juan Pedro López (Polartec-Kometa), que acaba de subir à
equipa continental da Fundación Alberto Contador.
Chegada da Prova de Abertura: João Matias, Luís Mendonça e Rui Oliveira a seguirem-se na meta após a vitória de Tiago Machado (© Helena Dias) |
Isto sim é ciclismo. Já tinha saudades de ler coisas bem escritas e com conteúdo.
ResponderEliminarExcelente regresso e bom texto, apenas uma correção, o Carapaz é equatoriano e não colombiano.
ResponderEliminarMuito obrigada pelas palavras e pela correcção :-)
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