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Contenders Volta a Portugal 2016

A Volta a Portugal Santander Totta faz-se à estrada de 27 de Julho a 7 de Agosto, trazendo na 78ª edição algumas novidades que prometem apimentar a luta pela classificação geral. Do prólogo em Oliveira de Azeméis ao epílogo em Lisboa, o pelotão de 18 equipas percorrerá 1618,7 km, no final dos quais se descobrirá se Gustavo Veloso (W52-FC Porto) celebra o terceiro título consecutivo de vencedor da Grandíssima.

Com um percurso divergente de edições anteriores, o director da prova Joaquim Gomes conseguiu acicatar expectativas face ao desfecho da Volta de 2016, que culmina num contra-relógio individual de 32 km, podendo com isto deixar tudo em aberto até ao cair do pano na capital lisboeta [percurso].

Gustavo Veloso é uma vez mais favorito à vitória
da Volta a Portugal (foto Helena Dias)

Num olhar sobre os contenders da Volta a Portugal, à semelhança do ano transacto o experiente Gustavo Veloso (W52-FC Porto) é o máximo favorito à vitória da camisola amarela. O galego de 36 anos é dono de uma inteligência de campeões como Mariano Cañardo, herói espanhol vencedor de sete edições da duríssima Volta a Catalunya e da clássica Madrid-Lisboa. Também Veloso venceu em 2008 a Volta a Catalunya, fazendo de Portugal nos anos posteriores o terreno predilecto para brilhar na prova rainha do calendário luso. Vencedor de quatro etapas na Volta, duas o ano passado, Veloso já conquistou a mítica Torre em 2013, ano em que foi segundo no pódio e preparou os grandes triunfos da geral nos dois anos seguintes, edições onde conquistou as etapas de contra-relógio.

Os números da presente temporada mostram uma W52-FC Porto fortíssima, com vitórias e pódios acima das demais equipas continentais nacionais, terminando o mês de Julho no comando do Ranking nacional APCP, tanto a nível individual com Rafael Reis como a nível colectivo. Gustavo Veloso foi o mais forte corredor nas edições anteriores da Volta, bem como a equipa a mais forte no colectivo, contando ainda com a supremacia na especialidade do contra-relógio, onde poderá fazer frente aos adversários na derradeira etapa. Este ano conta novamente com uma fortaleza a seu lado, um bloco que se tem mostrado firme e muitas vezes imbatível ao longo da temporada. Quase todos os companheiros alcançaram vitórias em 2016, o que dá a esta esquadra uma força física e psicológica difícil de igualar. A seu lado conta com um leque de corredores de valor comprovado, como o vencedor da Volta de 2011 Ricardo Mestre ou o exímio trepador António Carvalho, vencedor da camisola da montanha em 2014, e também Raúl Alarcón, Rui Vinhas, Joaquim Silva, Samuel Caldeira e Rafael Reis.

Também candidato ao lugar mais alto do pódio, o luso Joni Brandão (Efapel) tem uma palavra a dizer nesta grandiosa contenda. Segundo na geral individual em 2015, o ciclista de 26 anos chega à Volta na segunda posição do Ranking nacional Ciclista do Ano, fruto de uma temporada bem conseguida de vitórias e pódios em importantes provas nacionais. Conta ainda com um destacado 3º lugar na Vuelta a Castilla y León, onde rivalizou com o WorldTour Alejandro Valverde (Movistar Team), vencedor da prova espanhola. Nesta Volta a Portugal, Joni Brandão tem sobre si o foco de ser o ciclista português apontado como o mais forte rival ao favoritismo de Veloso. Embora nunca tenha ganho uma etapa na Volta, esteve perto de fazê-lo por diversas ocasiões e em terreno bem difícil como a Sra. da Graça nos últimos dois anos ou no alto da impiedosa Torre. A seu lado conta com uma equipa que mistura experiência e juventude, que demonstrou ao longo do ano uma boa coesão e atitude na estrada e onde os nomes de Filipe Cardoso, Daniel Mestre e Henrique Casimiro serão fundamentais no apoio ao líder, bem como Rafael Silva, António Barbio, Álvaro Trueba e Nuno Almeida.

Terceiro na geral individual no ano passado, Alejandro Marque (LA Alumínios-Antarte) apresenta-se igualmente como um forte candidato à conquista da camisola amarela. Vencedor da Volta de 2013, o galego de 34 anos foi a única entrada que a equipa laranja recebeu em 2016, num plantel que manteve os seus principais rostos, entre eles o de Amaro Antunes, de 25 anos, a pérola do pelotão nacional que tem sobre si a expectativa de chegar ao pódio da Volta. Como nos afirmou numa recente entrevista, Marque será o líder para a prova rainha e o jovem luso a segunda opção da equipa para tentar chegar ao triunfo final. Ambos revelam qualidades acima da média para o alcançar, tendo Marque a história do seu lado por ter ganho uma Volta, duas etapas de contra-relógio e terminado no pódio o ano passado. Com a edição deste ano a terminar num esforço individual de 32 km, o galego tem a balança a pender para o seu lado. A esquadra laranja não esteve mal na Volta anterior, terminando em terceiro por equipas e conquistando a montanha com Bruno Silva. Para além destes três nomes, o grupo apresenta um forte colectivo para a obtenção do máximo objectivo, nomeadamente Hernâni Brôco, Hugo Sancho, Luís Afonso, Nuno Meireles e Pedro Paulinho.

Com provas dadas em inúmeras edições da Volta, Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) prepara-se para lutar pela conquista do seu máximo sonho de carreira. Aos 40 anos de idade, subir ao pódio da Volta a Portugal será uma dura batalha, como nos confessou há dias atrás [entrevista], mas uma batalha que enfrenta com a convicção de poder estar na discussão da mesma. Quinto na geral individual em 2015, tem no seu palmarés cinco pódios e quatro vitórias em etapas, duas na Torre, uma na Sra. da Graça e em Viana do Castelo. A seu lado tem Frederico Figueiredo e Pablo Guerrero, que este ano subiram ao pódio em cinco provas nacionais pela camisola da montanha, bem como David Rodrigues, César Fonte, Daniel Silva, Guillaume de Almeida e Ricardo Vale Ferreira.

Rinaldo Nocentini (Sporting CP-Tavira) apresenta-se como o grande trunfo da equipa verde e branca para a conquista da camisola amarela. Chegado a Portugal após vários anos no WorldTour com a equipa francesa AG2R La Mondiale, o italiano de 38 anos já conseguiu a importante vitória do Troféu Joaquim Agostinho, defendendo desde o final da primeira etapa em linha a liderança da chamada antessala da Volta. Experiência não lhe falta e mostra-se bastante adaptado ao terreno lusitano, como o companheiro Hugo Sabido nos revelou em entrevista. Para além do experiente ciclista luso, conta a seu lado com David de la Fuente, Mário González, Jesús Ezquerra, David Livramento, Valter Pereira e Oscar González.

À semelhança do ano transacto, João Benta (Louletano-Hospital de Loulé) lidera a equipa de Loulé na luta pelos lugares cimeiros da Volta. Este ano sem o precioso apoio do companheiro Sandro Pinto na montanha, a recuperar da operação ao fémur em consequência da queda no Grande Prémio do Dão, Benta de 29 anos irá tentar demonstrar na prova rainha o valor que o leva a ocupar no final do mês de Julho o nono lugar no Ranking nacional, fruto da regularidade dos bons resultados obtidos nas provas ao longo do ano, culminando na vitória pelo segundo ano consecutivo da etapa com a dura chegada ao alto de Montejunto do Troféu Joaquim Agostinho, onde terminou 4º da geral. A seu lado na Volta conta com José de Segovia, Vicente de Mateos, Cristian Cañada, Samuel Magalhães, Micael Isidoro, Eloy Teruel e Rui Rodrigues.

Nos últimos anos, a história da Volta conta-nos a supremacia das equipas nacionais face às estrangeiras. O triunfo da prova rainha do calendário luso tem ficado ‘em casa’, tendo que se recuar ao ano de 2012 para encontrar o rival de equipa estrangeira que mais se aproximou da amarela no final dos onze dias de prova, nomeadamente o 5º lugar do espanhol David de la Cruz então pela Caja Rural, ficando a 1m39s do vencedor David Blanco, galego que conquistou nesse ano a sua quinta Volta com a lusa Efapel.

Exactamente a Caja Rural-Seguros RGA apresenta-se com uma poderosa frente lusa. Os irmãos José e Domingos Gonçalves, de 27 anos, juntamente com Ricardo Vilela, de 28, prometem dar luta e tentar o triunfo em etapas à semelhança de 2015, que conquistaram duas jornadas com José Gonçalves (vencedor do Tour of Turkey 2016) e Eduard Prades (vencedor de Philadelphia Cycling Classic 2016). Já este ano ambos os corredores celebraram vitórias em Portugal no Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela. Além dos quatro nomes referidos, a equipa espanhola faz-se acompanhar de Antonio Molina, Fabricio Ferrari, Javier Aramendia e Josu Zabala.

A suíça Team Roth também apresenta nas suas fileiras um nome lusitano de peso. Após cinco anos de ausência por integrar equipas WorldTour, o regresso de Bruno Pires [entrevista] à prova rainha lusa é visto como mais um ingrediente de qualidade a incrementar o pelotão da Volta. No seu palmarés encontramos dois Top 10 na Volta a Portugal, 7º em 2006 e 9º em 2009. Aos 35 anos chega à Grandíssima acompanhado por Nicolas Baldo, o vencedor de duas etapas em 2014 David Belda, Valentin Baillifard, o vencedor da montanha de Etoile de Bessèges em 2016 Roland Thalmann, Matthias Krizek, Andrea Pasqualon e Nico Brüngger.

A Funvic-Soul Cycles apresenta a novidade da integração do português Luís Mendonça, corredor de 30 anos da equipa de clube Sicasal-Constantinos-Udo, a quem as performances obtidas nas duas recentes temporadas levaram à oportunidade de disputar a Volta com a equipa brasileira. O grupo traz também o vencedor de uma etapa na Volta em 2009, o espanhol de 30 anos Antonio Piedra e Pablo Urtasun, Otavio Bulgareli, Alex Diniz, João Gaspar, o campeão nacional brasileiro de fundo Flavio Santos e Wilson Diaz.

A australiana Drapac Professional Cycling traz o jovem de 24 anos Brendan Canty, vencedor este ano de uma etapa no Tour of Austria, onde terminou 8º da geral, tendo ganho a camisola da juventude no Tour of Oman (2.HC), no qual foi 7º na geral individual. A seu lado tem William Clarke, protagonista de duas vitórias nos prólogos do Herald Sun Tour e Tour of Austria e duas etapas no Tour of Taiwan, Nathan Earle, Jordan Kerby, Gavin Mannion, Lachlan Norris, Adam Phelan e Thomas Scully, vencedor de uma etapa em Boucles de la Mayenne.

Na italiana Androni Giocatolli-Sidermec surge o rosto muito experiente e conhecido de Franco Pellizotti, italiano de 38 anos que ao longo da sua carreira venceu etapas no Giro d’Italia (2006/2008), Tirreno-Adriatico (2002), Paris-Nice (2007) e Settimana Coppi-Bartali (2005 – etapa e geral). A seu lado conta com Egan Arley Bernal, Marco Frapporti, o vencedor de duas etapas na Volta de 2011 Francesco Gavazzi, Daniele Ratto, Alessio Taliani, Rodolfo Andres Torres e o vencedor de duas etapas na Volta de 2014 e 2015 Davide Vigano, também ele vencedor da camisola dos pontos em 2014.

A russa Lokosphinx é presença assídua nas provas lusas, logrando diversas vitórias e pódios também na Volta a Portugal. O ano passado terminou a Volta com a vitória da camisola da juventude por Aleksey Rybalkin, tendo em 2014 ganho com Sergey Shilov a etapa com final em Castelo Branco. Nenhum dos dois nomes estará presente nesta edição, trazendo a esquadra o ciclista de 22 anos Alexander Vdovin, estes dias 3º na Klasika Ordisia, Vitalii Ivshin, Kiril Bochkov, Vasilii Neustroev, Sergey Vdovin, Artem Samolenkov, Sergei Belykh e Vadim Zhuravlev.

A alemã Christina Jewelry Pro Cycling surge com a experiência do alemão Stefan Schumacher, vencedor este ano do Tour du Maroc. O experiente corredor de 35 anos conta na sua carreira com o triunfo de duas etapas no Giro (2006) e duas etapas no Tour (2008), chegando a esta edição da Volta acompanhado por Julian Schulze, Moritz Fussnegger, Joshua Stritzinger, John Mandrysch, Florian Nowak, Georg Loef e o campeão nacional de contra-relógio da Namíbia Till Drobisch.

Na equipa basca Euskadi-Murias surge o rosto bem conhecido do pelotão luso, o basco Garikoitz Bravo, que correu pela lusa Efapel em 2014. O corredor de 26 anos esteve perto de vencer este ano a segunda etapa da Volta ao Alentejo, terminando em segundo em Montemor-o-Novo e tendo como melhor classificação este ano o 4º lugar na geral da Vuelta Asturias e Vuelta a Madrid. A seu lado conta com Beñat Txoperena, Jon Insausti, Aritz Bagües, Pello Olaberria, Eneko Lizarralde, Aitor Gonzalez e Oscar Rodriguez. De salientar que esta equipa venceu a primeira etapa da Volta ao Alentejo 2016 com Imanol Estevez, que não estará na Volta a Portugal.

A colombiana Boyacá Raza de Campeones traz à Volta o vencedor da juventude da Volta a Portugal do Futuro 2016 Cristian Cubides, de 19 anos, acompanhado por Heiner Parra, vencedor este ano da camisola da montanha na Vuelta a Madrid e 5º geral no Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela, e também Carlos Parra, Jeffry Romero, Diego Ochoa, Yeison Chaparro, Diego Mancipe e Dario Bothia. De salientar que esta equipa venceu recentemente a Volta a Portugal do Futuro com Wilson Enrique Rodriguez e duas etapas com Roller Camilo Diagama e Miguel Eduardo Florez, trio que não estará presente nesta Volta.

Da República Dominicana chega a Inteja-MMR Dominican Cycling Team com o espanhol Fernando Grijalba, de 25 anos, e Rafael Marquez, Joaquin Sobrino, Israel Nuño, Adrian Nuñez, Joel García, o campeão nacional de contra-relógio da República Dominicana William Guzman e o campeão nacional de fundo da República Dominicana Juan José Cueto.

A cazaque Astana City apresenta-se com Nikita Stalnov, de 24 anos, que tem como melhores resultados este ano o 3º lugar no Tour d’Azerbaïdjan, Tour of Turkey e Tour of Ukraine, além do bronze no campeonato nacional de contra-relógio do Cazaquistão. A seu lado tem Nurbolat Kulimbetov, Alisher Zhumakan, Vadim Galeyev, Yuyiy Natarov, o medalha de bronze nos nacionais de fundo do Cazaquistão Matvey Nikitin, Sergey Luchshenko e Galym Akhmetov.

A francesa Equipe Cycliste Armée de Terre traz o luso-descendente Yoann Barbas, de 27 anos, vencedor da montanha e do combinado no recente Troféu Joaquim Agostinho, terminando em 12º na geral dessa prova. A seu lado conta com Julien Duval, Yann Guyot, Kévin Lebreton, Romain Le Roux, Jerome Mainard, Stéphane Poulhies e Thomas Rostollan.


Comentários

  1. Aqui está um trabalho feito por quem sabe e vive a modalidade. Por tudo isto muitos parabéns.

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    1. Muito obrigada! Espero que acompanhe o nosso pelotão e desfrute muito do espectáculo da Volta a Portugal Santander Totta!

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    2. Sim estarei a acompanhar o trabalho feito neste blogue porque na realidade é feito sempre com muita responsabilidade.

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