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César Fonte: "Ligação com Rádio Popular-Boavista é para continuar em 2016"

O pelotão nacional guarda valores de todas as idades. A experiência é sinónimo de talento e sabedoria na colorida serpente lusa e César Fonte é disso a imagem perfeita. A 10 de Dezembro cumprirá 29 anos, mostrando-se pelo segundo ano consecutivo um elemento fundamental na construção dos bons resultados alcançados pela equipa Rádio Popular-Boavista.

César Fonte no Circuito da Malveira (© Helena Dias)

No balanço que faz da temporada, César Fonte classifica-a de “Positiva, mas não excelente como desejava. Realizei uma época muito regular, é algo que faz parte de mim. Tive muitos resultados bons, mas vitórias não e no final de época isso é o mais importante. Tentei entrar forte desde o início para depois descansar um pouco a pensar na Volta a Portugal. No meu primeiro pico de forma tive um bom desempenho em corridas internacionais, contudo alguns contratempos impediram-me de chegar mais rápido à forma que desejava. Fiz uma aposta clara em corridas internacionais e claro que é mais difícil ganhar, mas pessoalmente não me arrependo de o ter feito. Depois levantei um pouco o pé, não o desejado mas o possível para começar a trabalhar a pensar na Volta, onde tive boas pernas mas não o demonstrei em resultados. Sinto-me triste com isso. Apesar de tudo, esta Volta deixou-me mais claro que não posso querer tudo. Tenho de saber gerir o meu corpo se realmente quero estar no meu melhor na Grandíssima.”

Nas corridas internacionais, César Fonte não deixou escapar a oportunidade de mostrar um brilhante desempenho rivalizando com equipas WorldTour e obtendo interessantes resultados na Klasika Primavera de Amorebieta (5º) e na Vuelta a La Rioja (13º). “Já conhecia estas competições de anos anteriores, estava em boa condição física e tentei aproveitar ao máximo. É difícil estar na discussão com as melhores equipas, mas não impossível. Quanto mais corremos com os melhores mais confiantes e fortes ficamos, depois acaba por ser normal os resultados aparecerem. Infelizmente, é pena num país como o nosso forte em atletas não haver uma equipa pro-continental.”

Já dentro-fronteiras terminou inúmeras provas entre os 10 primeiros, repetindo a regularidade que lhe é conhecida de anos anteriores e quase garantindo a revalidação do título ganho na Taça de Portugal em 2014. “No início da época nem me passava pela cabeça voltar a estar na discussão da Taça de Portugal. É uma competição que exige ao atleta estar bem durante muito tempo ao longo do ano. Claro que depois de vencer o Memorial Bruno Neves estava na luta e lutei até ao fim. Acabou por saber a pouco o 2º lugar, visto que nas duas últimas competições demonstrei estar mais forte. Por outro lado, o Diego Rubio teve uma equipa muito forte a seu lado e foi-me impossível superá-lo. Na verdade, a Taça de Portugal assenta perfeitamente nas minhas características e de futuro voltarei a estar na luta.” Finalizou no Top 10 em quatro das cinco provas pontuáveis, vencendo o Memorial Bruno Neves e sendo 2º na Volta a Albergaria, 6º no Grande Prémio Anicolor e 10º no Grande Prémio Mortágua.

Nas demais provas do calendário nacional, César Fonte conquistou a camisola da montanha no Grande Prémio Liberty Seguros e agarrou o 2º lugar na Clássica de Loulé, 5º no Grande Prémio Beira Baixa, 6º no Grande Prémio JN e 8º na Clássica da Primavera. Nos Circuitos de final de temporada somou ainda o 3º lugar no Circuito Ribeiro da Silva, 4º em S. Bernardo e 4º em Nafarros.

César Fonte na pista da Malveira (© Helena Dias)

Entre objectivos cumpridos e não cumpridos, afirma: “A nível de corridas internacionais, estive mais perto de cumprir os objectivos. Em alguns casos atingi mesmo o que desejava. Em termos de objectivos não cumpridos, nunca escondi que queria voltar a ganhar uma etapa na Volta a Portugal e não consegui, queria revalidar o título no Grande Prémio JN e também não foi possível.”

“Realizei boas corridas durante todo ano. Aquelas que ficam mais gravadas na memória são sempre as que atingimos melhores resultados. Por exemplo, a Clássica Internacional de Loulé, que acabei em 2º depois de ter caído logo no início, levantei-me todo dorido e ainda consegui estar na discussão da corrida. Ao longo do ano fui tendo estes contratempos, muitas vezes conseguindo superar e noutros casos infelizmente não. Na Klasika Primavera de Amorebieta, que acabo em 5º, podia muito bem ter feito pódio não tivesse arrancado a 500 metros no sprint. São aqueles pormenores e erros que ao mais alto nível não podemos cometer. Por outro lado, fazer 5º numa clássica internacional é muito bom. No Memorial Bruno Neves consegui vencer pelo segundo ano consecutivo, é uma corrida que tem uma chegada perfeita para mim. Na Volta a Portugal não consegui atingir o que me propunha. Terminei sete etapas nos 16 primeiros… não é mau, mas a mim não me diz nada. Preferia vencer uma etapa e ficar entre os últimos nos outros dias.”

Sobre a continuidade na equipa boavisteira, César Fonte avança: “Sinto-me em casa, não sou ciclista de mudar muito e na Rádio Popular-Boavista fui bem recebido desde o primeiro dia. Neste segundo ano tudo continuou igual, o que acho perfeito. Os laços familiares com a gente da casa cresceram e, como tal, não tenho razão para mudar. A equipa dá-me as condições possíveis, apresenta um calendário internacional bastante bom e estão contentes com o meu trabalho. Por isso, esta ligação César Fonte e Rádio Popular-Boavista é para continuar em 2016.”

Rádio Popular-Boavista, 2ª equipa classificada na Volta a Portugal
(© Helena Dias)

Comentários

  1. Nunca será demais elogiar a forma o cuidado e a persistência no acompanhamento dos ciclistas dando-lhes visibilidade e proporcionando aos que gostam da modalidade conhecer os seus percursos

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