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Opinião Et7 VoltaPortugal: Uma bela lição de ciclismo

Diante de tão demolidora etapa rainha, por vezes faltam palavras para descrever o que se sente perante o grandioso desempenho dos heróis da Volta a Portugal. São momentos como os de hoje que nos fazem apaixonar por este desporto único e admirar cada corredor do pelotão… a estrondosa vitória de Rui Sousa (BOA) no alto da Torre, a defesa da amarela por Gustavo Veloso (OFM), o trabalho dos companheiros de equipa da Efapel e OFM ao longo das três ascensões do dia, a consolidação da liderança da montanha por António Carvalho (LAA), os ataques e contra-ataques em plenas subidas de Edgar Pinto (LAA), Sandro Pinto e Hernâni Brôco (LDD), César Fonte e Daniel Silva (BOA), até ao último esforço de cada corredor por cruzar a meta.

Penhas da Saúde, Penhas Douradas e Alto da Torre. Estas foram as ascensões de uma Serra da Estrela demolidora para os candidatos à amarela. Luis León Sánchez (CJR) foi o primeiro a ser derrubado logo à primeira ascensão, Ricardo Mestre (EFG) na última. Esta, a Torre, pareceu interminável ao longo dos seus 28,1 km e a sua enganosa pendente média de 5,1%, que esconde no meio do seu descampado pendentes até aos 14% de inclinação.

Estávamos a 16 km do desfecho e já Rui Sousa (BOA) buscava o objectivo primordial do dia. Vencer a etapa e ameaçar a liderança de Gustavo Veloso levaram o veterano de Barroselas a enfrentar a pedalada até ao alto sempre na frente, apesar de acompanhado por Delio Fernández (OFM) até faltarem 4 km para a meta. Rui Sousa não temeu os adversários e foi em busca do sonho, que parecia tão distante à partida para a etapa, mais precisamente a 1m07s de distância desse sonho luzidio e amarelo. Pois não só brilhou na Torre, aquela que já foi sua em 2008, como ainda subiu a 2º da geral, reduzindo para 28s esse espaço para Veloso que, ainda assim, parece difícil de fechar na derradeira luta do contra-relógio da penúltima etapa.

Mas porque perdeu a companhia de Delio Fernández na frente da corrida a 4 km do final? A resposta é simples neste desporto, que tantas vezes nos surpreende com imagens inesquecíveis da amizade e lealdade entre os corredores. Após uma ordem do director e mesmo sendo líder virtual da Volta pela vantagem ganha na frente, Delio parou literalmente no asfalto à espera do grupo em perseguição onde vinha o seu líder e amigo Veloso a necessitar de apoio para os quilómetros finais da escalada. Neste simples gesto, os corredores demonstraram o que é o companheirismo numa equipa de ciclismo, pondo de lado a sua glória pela glória do companheiro.

Por todos estes momentos, desde a vitória suada de Rui Sousa à abnegação de Delio Fernández, hoje assistimos a uma belíssima lição de ciclismo.

Rui Sousa triunfa na Torre (Foto Podium)
Resultados Et7 VoltaPortugal (Foto Helena Dias)
CG após Et7 VoltaPortugal  (Foto Helena Dias)

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(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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